terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Tempestade indefinida (o seu fim é para o nunca)

As horas já desconhecidas de seus pais agora dão ordens ao pensamento aprisionado no tempo. Há uivos. Ouve-se um ruído surdo como uma gota de chuva que cai discreta ao chão, embora louca de dor. O mesmo choque entre o cimento quente e sujo e a gota pura e celeste é o que acontece nos ouvidos daqueles presos; e na imagem que eles representam e que engana a todos, inclusive a eles próprios. Quando a chuva virou cimento e chove cinza, ninguém mais soube distinguir a dor, a vida e a morte e foi aí que as horas se apoderaram. Um dia logo chega em que uma descarga furiosa faz destroçarem-se pedaços de gelo no cárcere mal cheiroso e sombrio do coração daqueles humanos, e das horas, mais humanas que eles. Neste dia foi que todo o mundo achou que uma chuva não poderia destruir nada. Tinham razão, porque os corações continuam pulsando inundados no mesmo ritmo febril do relógio.

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