terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Coreografia inacabada

Em um respirar, poucos sons são mesmo audíveis. Algumas frequências já se transformaram em vapor, aquecendo meus órgãos. Muito menos calma do que aparenta todo o cenário que compõe a imagem de mim, estou suspensa. Sem saber quando consegui segurar com as mãos assim meus próprios olhos sem chamar atenção. Eu tremia, e parecia a minha pele manifestando o desejo de fugir. Há muito achava que eram os habituais terremotos. Mas a terra nada tinha a ver com isso. Movi-me de todas as formas na tentativa de escapar, no fundo fazendo a força impossível de tentar manter tudo no eixo de mim mesma, inalterado. No fim, que é começo, meu eu dança por si mesmo livremente, perdendo seu eixo enquanto o mantém seguro, montando sua própria arena em que é o espetáculo e a plateia. Atração principal: correndo em círculos. Não há espaço visível, só com os olhos muito fechados encontro. O chão não é o mesmo em cada violência que recebe, e que devolve, depois, na mesma lógica, mas no reverso. Já são minhas mãos que me conduzem. Sem o oxigênio necessário, tive que me render. Havia feito o que era preciso até quando o que era preciso ser feito se libertou de mim seguindo seu caminho (antes que eu pudesse reconhecê-lo em mim).

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