terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Enquanto bebo minha cerveja...



Tenho um coração esfacelado por dois furos de loucura. Um risco de faca no peito da alma. Caminho na linha tênue que separa a razão dessa loucura. Às vezes eu gosto da loucura. Às vezes, preciso da loucura. Minha razão é controvérsia, claro que é! Minha loucura é imensa, claro que é! O risco, às vezes, pode levar ao sucesso, como ‘o que não me mata me fortalece!’ - & assim falou Nietzsche - mais ou menos isso. E assim os dias passam, entre um furo de bala ou um risco de faca, entre uma rasura literária e outra, entre um poema impossível e outro, entre uma paixão corrosiva e outra nem tanto, entre uma razão fragmentada e uma loucura inteira. Só não deixo de cantar. Isso não. Já é pedir demais pra mim. Faço quase tudo ou de tudo um pouco, só não sei fazer ‘verdades’, mas me arrisco nos tiros que dou, entre um alvo fictício e outro, um trago e outro mais - mas são os alvos reais que gemem e gritam em silêncio por detrás de seus altos e fragilizados muros de proteção. Um pouco de luxúria e perdição me convém. Um pouco de mistério e fuga. Um pouco de realidade nua e crua, como aquela carne com a qual eu me deitei ontem e tive alguns momentos de êxtase profundo. Depois, uma cerveja intercalada com algumas doses de rum, meio charuto e algum poema do velho
Buk pra não se esquecer de quem eu sou e pra que é que vim. Sempre fui prematuro, em quase tudo. E hoje sou também na minha velhice. Um homem com menos de meia idade em corpo, feitura e disposição, e com mais de 60 em algumas idéias, em algumas práticas, em alguns defeitos. Minha criancice atingiu níveis exemplares em brincadeiras selvagens. Minhas palavras desmedidas. Minha dor de barriga. Meus olhos escuros. Minha boca sedenta por beijos de verão. Eu agonizo vendo cenas de horror na televisão ou ouvindo cantar pela rádio aquele cantor ou dupla sertaneja que tanto odeio. Esse mundo não dignifica nenhuma humanidade, apenas a torna mais besta e idólatra. Eu, da raça dos destruidores, dos que vingam o passado em versos mundanos, absurdos de toda a ordem ou terrorismos poéticos, eu que desconstruo mais do que construo, dou minha contribuição pro mundo hoje. Me sento em um banco de praça pra compor esse texto que vai dar em lugar nenhum. Talvez alguém entenda (ou ache que entenda), não sei. E não saber é tão vago que eu fecho as cortinas do meu quarto e desapareço. Deixo a noite cair. Me misturo nela. Querida! Amanhã talvez eu volte...
 

  

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