terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Tentativa de...



Preciso dizer que sou mulher e quero que vocês acreditem em mim. Sou mulher mesmo com os lábios manchados e o rosto sujo de rímel escorrendo nas dolorosas lágrimas que derramo todas as noites antes de dormir.  Um tempo se passou desde a primeira vez que meu leito se tornou doloroso e minha cama desconfortável. Odeio virar-me para todos os lados para só depois poder desaguar na escuridão, experimentar todas as posições e nenhuma ser confortável o bastante para fazer eu me sentir confortável. Estranhamente preciso dormir e durmo porque meu corpo quer repousar. Parece que caio da cama num abismo fundo
Caio
Caio, sim
E acordo depois da grande queda que tive. De onde vim? Não sei. O desconforto retorna, justamente da insatisfação, da má vontade e a desrealização de todos os sonhos que tive. Faz tanto tempo e meu telefone não toca. Com certeza não toca porque sou arrogante e penso que ninguém quer me ver. Sou capaz de virar um vegetal regado por toda essa ingratidão. Entenda: nunca me senti importante, sinto-me inferior. De mim não sairá conversas produtivas nem obras de arte. Decidi mandar isso a uma revista, preciso exacerbadamente ser reconhecida antes do desespero e da solidão me enlouquecerem. Preciso me reconciliar com milhares de pessoas, porém minha coragem é oca. O anonimato é mais fácil, crio o meu eu e dele me alimento. Ah, outra vida, quero tanto outra vida. Preciso ser homem para descontar dentro de mim a pouca mulher que sou.





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