sábado, 3 de dezembro de 2011

Poema-plano

Me encontre hoje a noite na esquina, vamos atear fogo no rio Tamisa, e depois pagar uma bebida para o guarda. Vamos roubar cigarros das lojas em construção, e vamos construir erros que nas histórias orais farão parte de nosso passado. Vamos engolir as pontes de Londres, e sintetizar tudo num cenário mastigados de blocos de construção e uma pitada leve de jazz. Meu amigo, me encontre hoje a noite na esquina, e vamos beber água até cair da escada tropeçando em nossas gravatas. Vamos cortar a garganta de velhinhas indefesas, e como agredecimento, vamos aceitar pedaços de torta e canecas de café com anilina lilás e canela em pó. Vamos subir nas pontes de traços que nunca foram demolidos, e vamos jogar lá de baixo para cima o futuro de nossa nação. Atenção, isso não é uma apologia ao crime, isso é uma reclamação escrita num guardanapo. Isso não é uma ligação depois da meia noite, é um sorriso discreto na boca de uma moça que se prostitui entre as bichas e os mulatos pois não tem nada para fazer entre a hora do jantar e a hora do café da manhã. Isso não é um poema, isso é a alegria do tédio, não apenas uma canção sem ritmo para dançarinos insones. Me encontre hoje a noite na esquina, e vamos rezar para Deus, ou seja, para ninguém além de nós mesmos. Me encontre hoje a noite na esquina, e eu não estarei mais por lá.

 Ismael Schonhorst

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