quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Eles mantém o ritmo. O trabalho é escaldante e musicado. A obra não pára. Há um homem que enxuga o suor da testa. Ao seu lado, outro amassa o chão, igualando a superfície. Serão companheiros? No sentido maquinal da palavra, sim. Dividiriam uma preciosa garrafa de água fresca. Mas muito não se olhariam nos olhos. Nesse sentido não existem um para o outro. Estão lado a lado, apenas isso.
Algo deverá ser feito. Com certeza um plano será seguido, ordens e metas executadas. Talvez até o fim do mês. Então o suor será o combustível dos homens-máquina, por dentro e por fora, escorrendo por seus músculos pesados, quase amenizando a alta temperatura.
Pois isso são suas vidas. Uma construção tijolo a tijolo, lenta, exausta. E há sempre a espera pelo fim do dia, a cada ida e vinda do carro de mão, consumindo dois minutos no carregamento e um no descarregar. Nisso a conta do expediente vai se completando.
Uma última olhada para a obra, aquele belo empreendimento humano, incompleto. E uma última cuspida no chão sujo de cimento, uma espécie de "até amanhã!"...
Agora, que solitários os tijolos empilhados na calçada! Espera, a obra, pelo retorno daqueles braços tão esforçados. Que por vezes machucam, bem verdade. Mas, e isso obra alguma pode ignorar, o que buscam aqueles suados operários é um estupendo crescimento de toda aquela área reservada; em colunas, alicerces, fachadas, como reis contemplando o brotar de seus castelos.
Pela madrugada toda a obra descansa...enquanto vão aqueles homens do dia sonhando noite adentro com maquinários hiperavançados, suas honradas esposas ronronando ao lado, na mesma cama...
E ninguém entende a obra..

Lara Montechio

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